quinta-feira, dezembro 29, 2005

Os ADN

Eram 22. Juntaram-se num almoço divertido, de rapaziada - havia só uma rapariga - que gosta da vida, goza a vida e quer continuar a gozar imenso esta vida. E como o almoço foi divertido e a rapaziada está sempre cheia de ideias, não imaginam o que se vai passar daqui para a frente. Um blogue - Os ADN -, um boletim anual, sempre a 29 de Dezembro, e a edição de um livro com excelentes fotos de um repórter fotográfico que não precisa que lhe ponham um grande antes de repórter para ser um enorme repórter. Pois é. Esta rapaziada - e a extraordinária rapariga que dá pelo nome de Maria Augusta Silva - andaram todos no DN, sim, o Jornal, que hoje fez 141 anos. São jornalistas, da escrita ou fotografia, engenheiros informáticos, financeiros, directores administrativos, gráficos e excelentes publicitários. Como se vê um grupo multidisciplinar capaz de fazer coisas muito bonitas. Desta vez eram 22. No próximo serão muitos mais. Sempre com os olhos na vida e no futuro. Para já fica assim. Quando o blogue saltar para a blogosfera vão ver o que é o bom e o bonito.

Vai uma apostinha?

Bem sei que as púdicas do regime odeiam apostas. Mas como esta não tem fins lucrativos talvez não façam queixinhas em lado nenhum. Querem apostar que o próximo CEO da EDP é um chucha? Vá lá, comecem a debitar nomes. Quem acertar tem um jantarzinho de borla no Bairro Alto.

Comunicação soarista

O candidato Mário Soares continua a queixar-se da comunicação social. Coitado. Está tudo contra ele. Do DN ao JN, passando pela TSF e RTP. Coitado, é uma vítima. Toda a gente sabe que o PS e o Governo Sócrates não mandam nada na comunicação social. Nada mesmo. São uns pobres coitados à mercê de grupos hostis. Pobre Soares. Pobre Sócrates. Pobre PS, que nunca, mas nunca mesmo quis controlar a dita. E muito menos Soares. Coitado. Mesmo no Bloco Central o homem nunca interferiu nos alinhamentos dos telejornais da RTP, pressionou os jornais do Estado, até com a chantagem de salários a prestações, e outras manobras dignas de uma ditadura. Nunca, são tudo calúnias. E agora, que a dita é privada? Nem pensar! DN soarista? Jesus, credo! JN chucha? Cruzes canhoto! TSF 'terrorista'? Saddam nos salve! TVI socialista? Longe vá o agoiro espanhol! Pobre Soares. Finalmente, aos 81 anos, é uma vítima. E da comunicação social que o seu amigo Sócrates controla através de uns tantos capachos. É verdade. Só pode ser verdade. Sócrates quer mesmo Cavaco em Belém.

terça-feira, dezembro 27, 2005

Irresponsabilidade

Duas crianças morreram em Gaia num apartamento sem água e sem luz. Um drama, sem dúvida. Mas o que dizem os noticiários e os desenvolvimentos da tragédia? Procuram-se os responsáveis. Serão os pais? A mãe? O pai? Não. A culpa é da Câmara, da Segurança Social ou do Estado. Os cidadãos que fizeram as crianças nem fazem parte da história. É por isso que isto é o que é. Ninguém é responsável por nada. As famílias estão endividadas até ao pescoço? Sim, é verdade. Quem são os culpados? Os bancos, a Cofidis e, em última análise, o Estado. Os cidadãos, esses, são sempre irresponsáveis. Coitados, não sabem Matemática, fazer contas de multiplicar, de dividir e ainda acreditam no Pai Natal. É o que dá o Estado-Previdência, o Papá de todos nós, que toma conta de nós da maternidade ao cemitério. Irresponsáveis com direito a votar para as freguesias, as câmaras, o Parlamento e, imagine-se, o Presidente. É o Estado Social no seu melhor. Paz à sua alma.

Coisa pífia

Por azar meu e coisas do destino passei ontem no Marquês de Pombal na hora da neve. Não queria acreditar no espectáculo. Não era uma ópera bufa.Era mais pífia. Uma pilinhas miseráveis deitavam uma nevezinha para uns papalvos vestidos a rigor. Canhões? Sinceramente. Mas está bem. O sítio não merece mais. Óperas bufas e pífias é o que está a dar. Na política, na economia e na cultura. O melhor exemplo é Isabel Pires de Lima, a tenora pífia de uma ópera que meteu o soprano Sócrates, o encenador Geraldo e o enganado Fraústo da Silva. É a vida do sítio, não é engenheiro? De engano em engano até à derrota final.

Constança

A Constança Cunha e Sá escreve na Minha Rica Casinha. E como é inteligente e uma excelente jornalista veio enriquecer esta blogosfera. Sabes uma coisa, Constança? Também tenho imensas saudades das nossas tertúlias.

Estas virgens

Cavaco falou numa Secretaria de Estado para acompanhar as empresas estrangeiras. Caiu o Carmo e a Trindade. Os candidatos-virgens, os que nunca falam dos problemas de Portugal, só de questões etéreas, vieram a público, com ares de indignação, dizer que as afirmações do homem foram muito graves. É verdade que esta Constituição e estes Presidentes são histórias de faz-de-conta. Isto é, não existem. São Rainhas de Inglaterra ainda mais feias. Mas como fazem questão de ser eleitos pelos portugueses entram em contradição permanente com o texto que juram a pés juntos respeitar e fazer cumprir. Enfim, uma palhaçada sem limites. Mas como as eleições presidenciais coincidem sempre com o Natal, o Ano Novo e os circos fica tudo em família. Palhaçada por palhaçada...

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Médio Oriente

Depois de Sharon, também Abbas foi hospitalizado de urgência. Espera-se que, desta vez, os palestinianos não venham para a rua mostrar às televisões a sua satisfação. Espectáculos bárbaros de gente bárbara filmados por imbecis.

Tsunami

Excelente documentário sobre o tsunami na RTP1. Uma excelente produção da BBC, com uma locução competente de um grande profissional de televisão nesta área chamado Eláudio Clímaco. Veremos quais foram as audiências. Diz-me o que vês, dir-te-ei quem és.

sábado, dezembro 24, 2005

Bom Natal

Para todos um Bom Natal. Mesmo para os que fazem comentários desagradáveis, sem sentido, com os pés. E nem imaginam como é divertido provocá-los. Sem os vossos comentários este mundo seria bem mais triste e cinzento. E cada vez percebo melhor o êxito da Ana Sousa Dias do Soares. Todos iguais, todos diferentes.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Olha que pena

A brilhante ideia da neve no Marquês de Pombal - o BES imaginava apanhar a malta que vai ver a árvore do BCP ao Terreiro do Paço - ficou nos canhões porque a Câmara, a pedido de várias organizações, pôs, para já, e muito bem, diversos obstáculos a este triste espectáculo. Tem de haver seguro para acidentes pessoais, ninguém sabe quem pagará os choques entre os papalvos que ficam a olhar para a neve, antes e depois de irem passear até à árvore, e é natural que a malta passe a vida a derrapar à volta do Marquês. Mas, resolvidas estas pequenas burocracias, é natural que o BES não desista da ideia. Contra a árvore do Paulo Fidalgo, vamos ter os canhões de neve do Paulo Padrão. Só uma sugestão: não podiam ir os dois brincar às casinhas e deixavam-nos em paz?

terça-feira, dezembro 20, 2005

Sporting

Hoje foi noite de goleadas. O Sporting bateu o Rio Ave por três bolas a zero. O jogo foi transmitido pela Sportv. Na RTP 1 aconteceu outra.

Solteiros contra casados

Já não se usam, mais eram muito habituais no Portugal salazarento. Um grupo de barrigudos, normalmente casados - nunca entendi porque é que os casados ganham barriga e engordam - enfrentava, com o pensamento numa boa feijoada ou num estupendo bacalhau com batatas, um grupo de solteiros, rapazes fugosos, cheios de força, numa futebolada. Por norma o resultado final era uma goleada a favor dos segundos. Com duas partes distintas. Na primeira, o grupo de casados atirava-se com unhas e dentes ao adversário, sujava a camisola, dava tudo o que tinha e não tinha nas pernas e nos pulmões e não tinha qualquer pejo em dar umas valentes sarrafadas aos mais novos que, por respeito, se encolhiam e tentavam suster aquela ofensiva dos leões. Vinha o intervalo. Os casados, exaustos, atiravam-se para o chão e transformavam o campo num imenso cemitério de barrigas. Os mais novos, ainda surpresos com a agressividade dos mais velhos, trocavam umas bolas, bebiam água com moderação e preparavam-se para a decisiva segunda parte. E aí, normalmente, acontecia um massacre. Os casados atiravam-se para o chão depois de qualquer corrida, não tinham força nem para chutar a bola e só pensavam numas cervejolas salvadoras e na feijoada ou no bacalhau com todos. Claro que o resultado final era uma goleada para a rapaziada solteira. E os casados tinham saídas de sendeiros.
Soares entrou no debate com Cavaco como um casado. Correu como um louco, deu sarrafadas à margem da lei, fez comentários da geral e tentou que o seu adversário se levantasse da cadeira e lhe desse um valente bofetão. Se isso acontecesse tinha não só ganho o debate como as eleições. Mas Cavaco aguentou, fez caretas de incómodo, repetiu o discurso do costume e esperou que chegasse o intervalo. Depois, bem, depois foi o massacre. Soares, cansado da correria da primeira parte, estatelava-se sempre que falava e não falava, ainda tentou entrar no insulto mas já não aguentava nem com os calções. E acabou interrompido por um dos árbitros a desejar, de forma atabalhoada, um Bom Natal. Sem grande técnica, com uma táctica velha, sem qualquer ideia luminosa, Cavaco deu um passo de gigante para se sentar em Belém. A verdade é que Soares, desesperado, não tinha outra coisa a fazer. Perdido por dez, perdido por mil. Acabou perdido por mil. Até à próxima. Em 2011 ou 2016.

Sondagens

Há um mês o DN fazia a seguinte manchete: Cavaco mais longe de ganhar à primeira volta. Hoje dá 58 por cento ao candidato do centro-esquerda/ centro-direita. Convém acompanhar os episódios futuros. São sempre hilariantes.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Um abraço, Manuela

Manuela Moura Guedes deixou de apresentar os Jornais da Noite da TVI. Isto é, foi empurrada pelos novos patrões da Media Capital. Isto é, pelos socialistas da Prisa. Isto é, pelo PSOE. Isto é, pelo PS de Sócrates. Alguns comentários sobre mais este caso metem dó. Manuela Moura Gurede é uma grande profissional. A sua demissão é prova disso. Os bajuladores, os vendidos ao poder socialista, os tipos sem espinha que andam por aí ficaram satisfeitos. Hoje ajoelham-se à frente do PS como ontem faziam fretes aos cavaquistas. São sempre os mesmos. Um grande abraço, Manuela Moura Guedes.

Não inventam mais nada?

Este Natal está um festival de anormalidades. O BCP plantou uma árvore no Terreiro do Paço, símbolo da capital do Estado laico, que provoca todos os dias bichas imensas na cidade. O Espírito Santo vai lançar neve no Marquês de Pombal, com os riscos que se adivinham. Perante este desvario, aguardam-se iniciativas do Santander, do BPI, do BPN, do Banco Popular e outras instituições bancárias. Do Campo Grande ao Terreiro do Paço há muito espaço livre para comemorar o Natal. E como estamos em tempo de Otas, porque não fazer aterrar o trenó do Pai Natal na Avenida da República?

Ai esta BBC

No novo livro estilo da BBC a palavra terrorista foi abolida. Como a de bombista. É um sinal dos tempos. Estes idiotas levam com bombas em cima e em vez de lutarem metem-se de cócoras. Bajulam os assassinos e têm uma linguagem politicamente imbecilóide. O que vai valendo é Blair e outros personagens. E outra comunicação social que ainda não se pôs de gatas.

Finalmente II

Jerónimo de Sousa confirmou tudo o que Ribeiro e Castro disse sobre o terrorismo e a esquerda. No debate com Alegre, o secretário-geral comunista admitiu a existência do fundamentalismo islâmico mas, para ele, o verdadeiro perigo vem do 'imperialismo americano'. Aí está. Os comunas e companhia limitada já perderam a vergonha e começaram a falar verdade.

Finalmente

Ribeiro e Castro é líder do CDS desde Abril de 2004. Foram precisos alguns meses para abrir a boca e acertar no alvo: o terrorismo é o último filho da esquerda. Verdade, verdadinha. Louçã sempre apoiou o terrorismo da ETA, entre outros, e o Bloco de Esquerda nunca teve uma palavra para o terrorismo árabe. Uma orientação política sempre cumprida à risca. São os grandes amigos dos assassinos de inocentes.

Coca ao poder

A esquerda está feliz. Evo Morales, um índio, é o novo presidente da Bolívia. Mas é mais do que isso. Grande produtor de coca, Morales é amigo de Cháves e Fidel de Castro. Está tudo em família. Cocaína, ditadores, esquerda. É mais uma vitória contra o 'imperialismo'. Viva a coca.

domingo, dezembro 18, 2005

O arquitecto

José António Saraiva despediu-se da página três do Expresso. Ainda vamos ter saudades. Mais cedo do que imaginam. Um grande abraço, José António Saraiva. E pode contar sempre comigo quando viajar de avião.

Dá mesmo choque

Zorrinho é o terceiro homem do Plano Tecnológico. Já se fazem apostas quem será o quarto. Morrem todos do choque. Isto é, da demagogia.

A Ministra

Vejam bem. Acho que Maria de Lurdes Rodrigues é de facto a ministra da Educação que este sítio nunca teve em mais de trinta anos de democracia e de mais uns tantos de ditadura. Os comentários são azedos, irracionais e violentos. Digam o que disserem, a senhora é uma grande Ministra, com M em caixa alta. Finalmente temos política. De Educação. É o que faz falta. Há muitos anos.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Assim sim

Afinal os exames de português continuam. E Maria de Lurdes Rodrigues continua a ser uma grande ministra. a ministra da Educação que este sítio nunca teve. Contra professores, paizinhos e outros.

Prova dos nove

Hoje consegui ver todo o debate entre Jerónimo e Louçã. É sempre bom ouvir a esquerda falar em família. Se alguma dúvida ainda existisse sobre o País que estes senhores desejariam construir bastava esta conversa para se ficar completamente esclarecido. Verdadeiramente, e infelizmente, a esquerda portuguesa ainda vive no século passado e é profundamente salazarenta. Só mete água. Cheia de cloro, cara e pública, claro está.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Dia histórico

Dois anos e meio depois da queda de Saddam o Iraque tem uma Constituição, um Presidente, um Governo e um Parlamento democráticos. As eleições legislativas foram hoje e tiveram uma participação muito elevada. Extraordinário. São facadas autênticas nos pacifistas e nos que andaram pelo mundo a protestar contra a guerra do Iraque e o derrube de Saddam. Se nada tivesse sido feito ainda hoje se discutiria na ONU a aplicação das sanções, a existência ou não de armas de destruição maciça, os desenvolvimentos de armas nucleares e continuaria a corrupção generalizada no Programa Petróleo por Alimentos. Se nada tivesse sido feito teriam sido barbaramente assassinados milhares de iraquianos e o facínora Saddam continuaria a aterrorizar milhões e milhões de cidadãos. É evidente que hoje é um dia triste para os seus apoiantes, os que sempre o defenderam, sabe-se lá a que preço, e que tudo fizeram para que o bandido continuasse no poder. Se nada tivesse sido feito o Iraque continuaria a ser uma terra sem lei nem ordem dominada por um tirano sem qualificação. Hoje, dia 15 de Dezembro, o Iraque é um Estado democrático em que mais de 15 milhões de eleitores votaram livremente. Dois anos e meio depois é histórico. O dia 15 passa a ser um marco extraordinário na luta pela liberdade, pela democracia e no combate ao terrorismo. Já agora seria interessante que a comunicação social desse algumas informações sobre a edificação das estruturas do Estado, das Forças Armadas aos tribunais, passando pela polícia, serviços de informação, educação e saúde. Seria interessante que dessem ao mundo indicadores sobre a evolução da economia e que não se dedicassem em exclusivo aos atentados terroristas, aos vídeos dos bandidos e às mortes de soldados que deram a vida pela liberdade e pela democracia.
E quem fala no Iraque fala no Afeganistão. Quem diria que quatro anos depois da ofensiva militar norte-americana o país tem uma Constituição, um Presidente, um Governo e um Parlamento democráticos. Quem diria que começam a ser edificadas as estruturas próprias de um Estado de direito. É evidente que também aqui estes êxitos são facadas nos pacifistas e nos amigos de peito dos terroristas e de Ben Laden. Esses senhores preferiam que hoje, Dezembro de 2005, estivessem no poder os talibãs e que Ben Laden usasse o país como uma enorme base de instrução de assassinos. Mas não. A democracia avança e os bárbaros estão a ser derrotados. Os de lá e também os de cá.
E para quem critique o facto de em ambos os países continuarem tropas da NATO e de outras nações democráticas, resta lembrar o que se passa na Bósnia, dez anos depois de acabar a guerra civil, e no Kosovo, seis anos depois da NATO ter derrotado o regime de Belgrado. Sem a presença das forças militares da Aliança Atlântica regressaria a violência e a morte. E mesmo assim, no Kosovo, por exemplo, ainda não foi sequer discutido e aprovado o estatuto daquela região. Seis anos depois, com a tropa estrangeira a controlar a região. Mas enfim, o que interessa são os factos. A democracia e a liberdade estão a vencer a guerra contra o terrorismo e os seus aliados. Os derrotados aí estão, lá como cá. Cada vez mais desesperados, agarrados à cauda de aviões.

Se for verdade...

Seja como for, uma sondagem da SIC deu a vitória a Alegre. E no Opinião Pública da SIC Notícias o povo foi categórico: 75 % deram a vitória a Alegre.

Maldita televisão

Um grupo de entusiastas dos debates presidenciais só conseguiu ver metade do confronto Alegre/Soares. A TV Cabo de uma zona do bairro Alto pifou e pronto. Lá se foi o debate. Restou ver uns resumos, ler os blogues e ouvir Pacheco Pereira. Para se perceber que em matéria de política externa Soares está pior do que nunca. E que é um fiel amigo dos terroristas. Para ele não havia combate, não havia guerras, não havia nada. Bastava, como Miguel Sousa Tavares muito bem comentou, a Cruz Vermelha Portuguesa. E o Movimento Nacional Feminino, acrescento eu.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

O Irão, pois claro

Agora o bandido que é Presidente do Irão, que já percebeu que pode gozar com a espantosa comunidade internacional - alguma, claro -, afirmou que o Holocausto foi ima invenção da Europa para justificar a criação de Israel. Por muito menos gritou-se, e bem, por esse mundo. E agora? Pois é. Não podem falar, estão entupidos ou têm vergonha de reconhecer que existe mesmo o Eixo do Mal?

Menino bonito

Freitas do Amaral foi ontem ao Parlamento afirmar que não tem provas sobre os voos da CIA que alguma comunicação social e outras organizações suspeitas de ligações ao terrorismo afirmam terem aterrado em território nacional com bandidos a bordo. Menino bonito. Se continuar assim ainda vai tomar o pequeno-almoço à Casa Branca.

Sugestão

Para editores, escritores, caçadores de dinheiro fácil ou similares. Que tal fazerem um livro, uma espécie de abecedário, um A a Z com os tipos e as tipas que nestes últimos trinta anos conseguiram ter empregos sempre à custa de nomeações políticas? Exclusivamente. Anos a fio. Sem interrupções ou colocações em empresas privadas, sejam barbearias, retrosarias, alfaiatarias, lavandarias ou cervejarias. Numa linguagem politicamente incorrecta, os animais, no caso muito racionais, que andaram sempre a chular a coisa pública. E que ostentam, para tuga ver, extraordinários currículos. E que, no entretanto, ganharam(?) pipas de dinheiro. Eles andam aí. Livres, impolutos, bem vistos, legais - ao contrário das prostitutas - a fingir que são gente séria. Vá lá. É fácil, é barato e dá milhões.

Era uma vez...

Nem a Disney inventava histórias melhores. Então agora o TGV vai criar 100 mil empregos no auge da obra e provocar uma riqueza superior a 5 mil milhões de euros entre 2014 e 2023? Vá lá. Vendam os direitos à multinacional norte-americana, tranformem o Lino na Branca de Neve, o Cavaco na avózinha, o Pinho no lobo mau, o Sócrates na madrasta, o Soares na Cinderela e vão fazer milhões. Muitos. Já agora, para ver se nos vemos livre dele, ponham o Louçã na Patagónia a fazer de Pai Natal. E a Joana de Mãe-Natal.

Vá lá

Vivam as prostitutas. Sim, glória à profissão mais velha. Jerónimo e Cavaco estão de acordo numa coisa. Legalizar a dita nem pensar. Cobrar impostos vá que não vá. Mas como ambos são homens de família (?), isto é, do tempo de Salazar, percebe-se. A Santa Madre esteja com os dois.

Viva a chaputa

Eu só como chaputa lusitana. Depois de ouvir Jerónimo defender com emoção a pesca artesanal feita por lusos, só por lusos, não há desculpa para quem, amigo ou membro das grandes famílias do capital, andar por aí a papar linguados, robalos, garoupas, chaputas ou simples solhas que não tenham mãozinha nacional. E dormir em lençóis chineses? Um crime que deveria, em última análise, implicar impotência temporal ou permanente. Jerónimo estava imparável ontem à noite. Mas fiquei ofendido. Como jornalista esperava que os dois pugnassem pelo regresso aos tipógrafos, aos linotipistas, ao off-set, enfim, que repudiassem em absoluto os computadores, os sistemas editoriais, os modelos gráficos, isto é, tudo o que implicou a redução ou extinção de profissões na produção de jornais, simplicou a sua feitura e tornou-os mais baratos. Cavaco, um homem verdadeiramente do centro-esquerda, defende privatizações mitigadas, feitas à medida das capacidades financeiras dos grupos nacionais. E acha decisivo que os centros de decisão sejam tugas. Como a AutoEuropa, por exemplo. É evidente que Cavaco ganhou o debate com Jerónimo. Mas esta vitória do centro-esquerda dá uma imensa vontade de chorar. Até porque, com quinze dias de adaptação ao mundo moderno, Salazar não só estaria de acordo com Jerónimo, Louçã, Cavaco, Alegre e Soares como ganharia com uma enorme maioria qualquer eleição, legislativa ou presidencial. Ouvir Cavaco e Jerónimo é estar no Canal Memória da RTP, fechar os olhos e assistir aos discursos patrióticos de Salazar sobre o condicionalismo industrial, a indústria lusitana e o inevitável 'nacional é bom'.

Debate arqueológico

Louçã e Alegre. Extraordinário. O poeta-candidato levanta o pescoço e protesta contra os lucros das empresas cotadas na Bolsa. Feitos, diz o senhor, à conta dos 'despedimentos'. A indignação paira no ar. O moralista Louçã faz cara de caso. Sim, é preciso acabar com o escândalo de haver empresas com lucros. É um mau exemplo. Exemplar é o caso da CP, do Metro, da Carris e de outras tantas empresas do Estado. Estão falidas mas pagam excelentes salários e têm pessoal excedentário. Sim, isso é que é um exemplo do que é ou deve ser o Estado social ou o modelo social europeu. Há mais chefes do que índios? Não interessa. O emprego está garantido. A CP e a Refer são dois exempos, ou melhor, dois casos de polícia? Não interessa. São do Estado e dirigidas por portugueses. Fora este interessante debate sobre economia - a propósito, onde estavam os jornalistas para questionarem o moralista sobre as alternativas ao aumento da idade de reforma? - os dois senhores transformaram Jardim no herói do filme. Demite, não demite, demite com condições, sem condições, enfim, uma trapalhada de dois seres arqueológicos. Mais antigos que os mais antigos dos animais. Racionais ou irracionais. Acabado o debate, só apetece ladrar. Mas como é politicamente incorrrecto acordar os cães e gatos dos prédios o melhor é ir afugentar os pombos que não nos deixam dormir.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Mais umas achas...

A paixão de Sócrates, isto é, as Scuts, já custaram 17 mil milhões. E o Estado cobre a vergonha do Metro de Lisboa com dinheiros públicos. É evidente que ninguém vai preso. Não. É preciso é demitir Souto Moura e meter lá um chucha. Urgentemente.

A resposta do costume

Sabem o que vão dizer os corruptos e os seus amigos das acusações do responsável do DIAP de Coimbra? Se tem provas mostre-as, se não tem cale-se. Se possível para sempre. É sempre assim. A resposta está em cassete para todos os interessados.

Este ainda leva

O responsável do DIAP de Coimbra pôs a boca no trombone e disse umas tantas verdades: que a maior corrupção estava na adjudicação de obras públicas, uma fonte de rendimento para muitos empresários e, claro, para os partidos políticos, os tais pilares da democracia. Que, como se sabe, também são os pilares da corrupção. Querem ver que o homem vai à vida, que começam a pedir a sua demissão, que ainda o acusam de ulguma malfeitoria? Neste sítio é assim, como diz Coelho: quem dá leva a matar. Que o digam os seis jovens do processo Casa Pia que ainda vão parar a tribunal por difamarem o senhor Paulo Pedroso. Isto sim é a justiça que eles, os corruptos e os seus imensos amigos, na política, nos negócios, na comunicação social e na magistratura sempre quiseram. Aí a têm.

Os números

Pois é. Crescimento revisto em baixa e uns milhares de empregos prometidos por este Governo já eram. A realidade está, cada dia que passa, a enterrar Sócrates, o PS e já agora o seu candidato Soares. O desemprego aumenta, a economia cai e o sítio vai a pique.

Um valentão

Louçã sabe que não será Presidente. Nem que a vaca tussa. E como sabe isso arma-se em valente. Diz ele: 'Se for Presidente demito Alberto João Jardim'. O cão que ladra e não morde é um aprendiz ao pé do Louçã.

A palmadinha de Barcelos

Grande espectáculo, grande espalhafato. Um fulano, a quem Soares chamou 'atrasado mental', disse que o candidato era vigarista, berrou-lhe uns insultos e a comitiva, tão inocentes, coitados, fez tudo para que o homem tivesse o ex-Presidente à mão de semear. E assim foi. A coisa ficou por uma palmada no braço. E pronto, estava montado o número. A comunicação social berrou, gritou, indignou-se, fez um barulho dos diabos. Ouviu amigos, adversários e até Sampaio botou palavra. Pois é. As coisas estão difíceis e o sonho da Marinha Grande passa pela cabecinha de muito socialista desesperado. Mas nunca ouviram falar das tragédias e das farsas. E, já agora, ouviram Marcelo lembrar o atentado forjado pelo mon ami Mitterrand? Vá lá. O jogo está tão sujo que até cheira à distância. E os senhores jornalistas, que nunca conseguiram falar com o agressor da Marinha Grande, vão saber quem é o homem? Em que partido vota, onde vive, se é casado ou solteiro, funcionário partidário ou do Estado? Vá lá, o povo está doido por saber quem é o personagem.

sábado, dezembro 10, 2005

Mais esturro

Diz o Público que 383 câmaras e juntas de freguesia estão a ser investigadas por suspeitas de corrupção. Querem ver que os autarcas envolvidos vão começar a protestar cheios de indignação por estarem não só a serem investigados como, eventualmente, estarem sob escuta? Pois é. Como nos dias de hoje a escuta é uma arma fundamental na investigação de muitos crimes, nomeadamente a corrupção, percebe-se a campanha alimentada por muitos membros da classe política e não só contra as escutas, o Ministério Público e a Judiciária? Mas não estejam preocupados. Como de costume, só os carapaus serão apanhados. Se o forem.

Mais um

Cavaco e Louçã travaram mais um debate moderado. Desta vez só se bocejou um bocadinho. Mas o moralista do regime deu uma excelente mãozinha ao professor quando se meteu pela economia. Quem estava à espera de sangue nem teve sangria. E os dois estão de acordo: a política laboral é para ficar como está. O mundo está a mudar, a economia está em revolução, novas potências entram no grande jogo do mercado mas, por aqui, neste sítio, nada muda. Em nome da sacrossanta Constituição, um texto arqueológico que, tem de ser, lá vai sendo violado, devagarinho, quando não há outro remédio. Mas em segredo, para os deuses não se zangarem e as consciências de esquerda e do centro-direita dormirem em paz. Só um pormenor: então os guardiões do anti-populismo não se atiram ao senhor Louça por aquele exercício lamentável de demagogia com um miúdo imigrante? Querem ver que não viram o debate? Ai se fosse o Paulo Portas...E já agora outro pormenor: esta indignação toda com as escutas é outra enorme demagogia cheia de pontos obscuros. Suponhamos que a PJ anda a investigar um corrupto e este é amigo do senhor Louçã. O suspeito está sob escuta, por ordem de um juiz, e são ouvidas as conversas do senhor com o moralista? Qual é o problema? O senhor Louçã só deveria ficar preocupado se tiver conversas inconvenientes com o referido suspeito? Não é? Sinceramente: tanta demagogia com as escutas cheira mesmo a esturro.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Grande investimento

Patrick Monteiro de Barros lidera um investimento em Sines no valor de 4 mil milhões de euros. Com o défice de refinação nos EUA, um dos principais factores para a actual alta dos preços dos combustíveis, a nova refinaria é um tiro de grande oportunidade. Vamos ver se a burocracia do Estado e a burocracia privada dos ambientalistas não vão obrigar o projecto a rumar para outras paragens. É esperar para ver.

O Irão outra vez

O terrorista elevado à condição de Presidente do Irão voltou à carga contra Israel. A comunidade internacional ficou muita indignada, mas os fundamentalistas continuam a gozar com as indignações e preparam-se a curto prazo para terem armas nucleares. Lembram-se do Iraque? Durante doze anos o bandido Saddam andou a gozar com a ONU, as suas resoluções e ainda teve tempo para corromper a grande organização no programa Petróleo por Alimentos. Mas este comunidade internacional, com as excepções conhecidas, gosta de ser gozada e adora andar de cócoras perante assassinos.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Parolice

O trânsito em Lisboa, já de si difícil em dias normais, torna-se impossível neste mês louco do Natal, das compras, dos centros comerciais e de tudo o resto. Para completar este cenário existe agora a árvore de Natal no Terreiro do Paço e as enormes bichas de parolos que fazem questão de ver a dita. Já pensaram em cobrar umas portagens? Seria muito bem feito e pelo menos daria para pagar a electricidade que a Câmara, isto é, os contribuintes pagam.

Museu de História Natural

O único momento hilariante do debate entre Soares e Jerónimo aconteceu antes do mesmo. Num número devidamente ensaiado, Soares protestou contra o modelo adoptado, vociferou, enfim, fez o papel de virgem ofendida. Conversa fiada porque se é assim tão mau, o candidato do PS deveria pura e simplesmente recusar participar em tais farsas. Isso sim seria corajoso, revolucionário, anti-americano, digno de um defensor dos mais pobres e desfavorecidos, uma novidade para quem teve a paciência de estar a ver a RTP. O resto foi arqueologia política. Um regresso ao passado. Sem nada de novo, sem nenhuma referência ao atraso na ciência, na inovação, na educação, na competitividade e no progresso. A globalização para estes senhores não existe. Falaram na China, pediram protecção, pareciam dois pequenos salazares a bramar contra o mundo. Orgulhosamente sós.

No melhor pano...

Anda para qui um homem a tecer rasgados elogios à ministra da Educação e pumba! A senhora, na melhor tradição socialista e social-democrata cá do sítio, decide acabar com os exames de português e filosofia, perante o aplauso dos sindicalistas do costume e o silêncio dos paizinhos. Maria de Lurdes Rodrigues: que enorme desilusão. Leia o editorial de hoje do José Manuel Fernandes no Público e deixe-se de invenções. Os meninos e meninos precisam de mais exames, mais rigor, mais trabalho e mais disciplina. Veja no que deram 30 anos de laxismo e facilitismo. Uma vergonha, uma desgraça, uma miséria.

Os voos da CIA

Depois de uma investigação que deve ter obrigado o jornal a enormes despesas em deslocações e outras coisas mais, o DN descobriu o número de aviões da CIA que andaram a aterrar neste sítio. Espantoso. Só 25? Devem ser mais, muitos mais. E depois, vejam lá, os maus da CIA traziam nesses aviões bons rapazes e excelentes raparigas que, pobre gente, eram raptados ou sequestrados por esses vilões para sítios tenebrosos onde, obviamente, eram vítimas das piores sevícias e torturas. Pobre gente, pobres criaturas. Não seria melhor dedicarem-se à caça dos gambozinos? É muito mais excitante, podem crer. E sempre levantam o traseiro da redacção, o que faz bem ao coração.

Casa Pia

Que grande vergonha. É só isto que ocorre dizer depois dos últimos acontecimentos. Neste sítio em que a independência da justiça face ao poder político é cada vez mais uma ficção para papalvos acreditarem, é evidente que só por acaso é que alguma vez algum senhor poderoso será condenado. Seja por pedofilia ou corrupção. A pedofilia, neste sítio, é obra de desgraçados, nunca de figuras públicas. E, evidentemente, a culpa é dos putos que andam por aí a provocar gente impoluta.

Galp

Aí está um empresário nacional, no caso Américo Amorim, a garantir a criação de mais num núcleo lusitano forte na Galp. Em cinco anos já é o segundo. O acordo parassocial impõe-lhe uma presença de cinco anos na empresa. Depois logo se verá. A Petrocontrol esteve menos tempo. Mas nisto da Galp, um folhetim de má qualidade e com imensos actores de pacotilha, o melhor mesmo é só fazer prognósticos no fim da novela.

AutoEuropa

Os trabalhadores da AutoEuropa, que sempre mostraram ter um enorme bom senso nas negociações com a empresa, parece terem entrado numa vertigem suicidária. Mas não só eles. Quando o ministro da Economia pede uma audiência ao presidente da multinacional e faz uma viagem relâmpago à Alemanha para negociar a montagem em Palmela de uma nova viatura está tudo dito sobre o nível a que isto chegou. E, claro, a prazo, teme-se o pior desta inusitada interferência governamental. Ainda se lembram de uma certa fábrica da Renault em Setúbal que o Governo socialista de Guterres garantiu não ir fechar e prometeu transformar num exemplo de uma unidade produtiva moderna?

Grande regabofe

A CP tem um passivo de 2,6 mil milhões de euros. As duas linhas de TGV vão ficar por cerca de 7 mil milhões de euros. A Ota custará três mil milhões. Claro que os comboios de alta velocidade irão fazer concorrência directa à aviação comercial e reduzir o tráfego na Portela e também no aeroporto Sá Carneiro. Mas nada pára esta vertigem corrupta de se ganhar muito dinheiro à conta do sítio. Partidos, empresários, que sempre andaram de mão estendida para o Estado, e uma imensa fauna secundária já esfregam as mãos com tanto negócio à vista. O grande regabofe conhece, assim, uma nova e rica fase. Entretanto, o sítio, muito mal frequentado, caminha alegremente para a falência.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Rice

Condolezza Rice precisou de poucos minutos para arrasar a enorme campanha desencadeada pelos amigos dos terroristas a propósito dos aviões da CIA com ou sem terroristas a bordo. Grande senhora, grande política. Se eu fosse americano não teria dúvidas nas presidenciais de 2008. Votaria Rice, obviamente.

Um enorme bocejo

O Blasfémias tem razão. Foi preciso fazer um enorme esforço para não dormir ou mudal de canal durante o anunciado debate entre Cavaco e Alegre na SIC. Foi um enorme bocejo. A culpa, diga-se, não foi apenas dos candidatos. Ricardo Costa e Rodrigo Guedes de Carvalho foram dois soporíferos do pior. E no fim ficou-me uma certeza, que não é desta noite: os candidatos de esquerda e do centro-esquerda não são quatro. São cinco. O centro-direita e a direita estão a hibernar. Ou a rezar. Entretidos com crucifixos e árvores de Natal. Soares vai ser, com certeza, o taliban de serviço. Ou o Basílio Horta de 2005. Uma coisa é certa: Cavaco e Alegre devem ter subido nas sondagens. Pobre sítio.

Mais terrorismo

Um atentado terrorista em Netanya, Israel, matou pelo menos cinco pessoas e feriu várias dezenas. Estes assassinos não têm justificação nem perdão. O combate ao terrorismo é duro, longo e tem de ser feito sem hesitações. Contra os terroristas, é certo, mas também contra os que os defendem, justificam, aplaudem e fazem o seu jogo com companhas infames. O caso dos aviões da CIA foi a última.

domingo, dezembro 04, 2005

Sá Carneiro

Nunca fui um admirador político de Sá Carneiro. Mas admirava a sua frontalidade, a sua coragem e o seu combate à hipocrisia dominante. A forma como assumiu a sua relação e o seu amor com Snu Abecassis é prova disso. E é por isso que hoje, 25 anos depois da morte de ambos, não posso deixar de falar no enorme e obsceno exercício de hipocrisia que o foi o seu funeral de Estado nos Jerónimos, longe da mulher que amava, esquecida e quase abandonada pelos políticos e por tantos que o seguiram, tantas vezes de forma acrítica. A Igreja e o Estado, de Eanes a Freitas do Amaral, passando pelos dirigentes do PSD, permitiram essa enorme farsa. Mas valha a verdade que só nessa hora, da morte, os conseguiram separar. Honra, portanto, para Sá Carneiro e Snu. Desonra para muitos dos que hoje foram à missa dos Jerónimos. Se Sá Carneiro fosse vivo seriam, com certeza, expulsos do Templo.

sábado, dezembro 03, 2005

Limbo

Confesso que fiquei estupefacto e como sou agnóstico não me pronuncio sobre a matéria. Mas quando soube que Bento XVI ia acabar com o Limbo, onde, segundo a Igreja Católica, vagueiam as almas de milhões e milhões de crianças que morreram sem ser baptizadas, fiquei com enormes dúvidas sobre o destino dessas almas quando tal acontecer. Mas por certo o assunto irá ser amplamente debatido e a resposta a esta dúvida irá aparecer pura e cristalina.

A árvore

Sabe-se lá porquê, a história da retirada dos crucifixos das escolas públicas está a dar um barulho dos diabos. É perfeitamente natural que um Estado laico não tenha nas suas instalações símbolos religiosos. O que não se percebe é que esse mesmo Estado permita e ainda contribua para a instalação de uma gigantesca e obscena - pelos custos, pela ostentação e por ser uma ofensa aos milhões de pobres deste sítio - árvore de Natal no Terreiro do Paço. O Millennium BCP pode ter as iniciativas publicitárias que entender, nomeadamente de cariz religioso. Mas não pode, neste caso, usar um espaço público. Faça-o no jardim do engenheiro Jardim Gonçalves, de Paulo Teixeira Pinto ou no telhado de um dos seus muitos prédios. No Terreiro do Paço é que não. Ou isto é um sítio laico ou não é. O que não pode ser é uma coisa e outra. Estilo não é carne nem é peixe. Tenham vergonha, meus senhores.

Que grande pobreza

A entrevista de ontem de Cacavo na RTP foi uma enorme seca. Sem interesse, sem nada de novo, uma enorme pobreza. Restou a propaganda ao livro do candidato. E desta vez, valha a verdade, a culpa nem foi de Judite de Sousa. Pode dizer-se que em alguns momentos poderia ter apertado mais com Cavaco e deixava-o de certo a gaguejar. Da meia-hora de conversa ficou o vazio e algumas coisas extraordinárias. Então a tal cooperação estratégica com o Governo é só para matérias consensuais? E as outras? Então aquela ideia de pedir legislação só se aplicará quando o Executivo estiver de acordo? Que raio de proposta inovadora. Sinceramente, um dia ainda hei-de perceber porque razão tantos portugueses pensam votar Cavaco. Mas o candidato do centro-direira e de alguma direita teve sorte. A Sportv estava a dar o Porto-Sporting e muita gente estava na TVI a ver o final de uma telenovela qualquer.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Turquia

Não se percebe. As Forças Armadas turcas sempre defenderam a laicidade do regime. E bem. Não se perce o que é que a União Europeia e os EUA andam a fazer quando criticam os avisos sérios e justos do chefe das Forças Armadas. Os islamitas, nas suas diferentes versões, não são de fiar. Como se vê pelo Mundo fora.

Mudou alguma coisa?

Uns comentários ao post sobre a Judite assinalam o facto de actualmente não existirem delegados do Ministério Público mas sim procuradores. Ok, e então? Mudaram os nomes? E o resto? Lembra-me sempre a história dos agentes técnicos de engenharia que por decreto passaram a engenheiros depois do 25 de Abril. Mas neste sítio o que interessa é o verniz, a capa, a forma. O conteúdo é uma chatice, é para os outros. Delegados? Que horror? Que desprestígio! Procuradores, sim! Tem montes de dignidade. Já não há pachorra.

O bobo

A vida é assim. Perdido por dez, perdido por mil. Quem já perdeu tudo, inclusive a credibilidade, pode dizer tudo e fazer tudo que já ninguém leva a mal. É a vida, como dizia o outro. A Ana Sousa Dias do Soares chegou a tal ponto que sente a dor de parto alheio. Basta que o PS gema que a distinta senhora grita. E se o PS grita a senhora faz uma escandaleira. A velha senhora veio desancar em Alegre por não ter votado o Orçamento depois da orquestra socialista ter saído à rua em animada algazarra. Numa versão antiga, faz de bobo da corte. Socialista. Que as migas estão pela hora da morte e o futuro a Sócrates pertence. E o horto das oliveiras não dura sempre. Como a sorte. Ou o azar. A cores ou a preto e branco.

Pois é, Judite!

Normalmente, numa situação normal, o crime não compensa. E Judite sentiu na pele que o enorme frete que fez a Soares na entrevista a Alegre não a compensou. Antes pelo contrário. Soares, como é hábito, foi implacável e marcou a entrevista na RTP ao seu velho estilo do quero, posso e mando. Mandou-a calar quando a jornalista tentou entrar na polémica Alegre/Soares, disse-lhe que tinha sempre Cavaco na cabeça e que o melhor seria perguntar ao ex-primeiro-ministro se pensava todos os dias em Soares, repreendeu-a por não ter estudado bem a lição a propósito da globalização e das suas posições sobre o assunto e acabou por dizer, em resposta a uma pequena diatribe de Judite sobre processos de intenção, que a entrevista até tinha sido interessante porque ele, Soares, a tinha conduzido. Enfim, não havia necessidade de Judite sair tão humilhada de uma entrevista. Mas quem não se dá ao respeito não merece ser respeitado e o mais natural é que Jerónimo, Louçã e Cavaco apanhem a deixa e imponham as suas regras a Judite. Isto é, comandem a entrevista que, por definição, deve ser orientada do princípio ao fim pelo jornalista. Isto para não falar dos seus silêncios quando Soares afirmava, orgulhoso, que muitos países já negociavam com terroristas depois de ele, o sumo sacerdote mundial, ter defendido o diálogo com Ben Laden e a Al-Qaeda para acabar com a barbárie e o assassínio de milhares de inocentes. Uma tristeza. Uma profunda tristeza por ver uma jornalista e uma RTP prestarem um péssimo serviço público.