sábado, novembro 19, 2005

Os amigos dos terroristas

Os suspeitos do costume andam muito preocupados com a passagem de aviões da CIA por aeroportos nacionais. Como é natural, os criminosos que matam barbaramente civis têm de ser interrogados e sujeitos a um tratamento diferente de um banal ladrão de padarias. E os países responsáveis têm necessariamente de usar mecanismos de excepção para afastar da circulação bandidos que matam centenas e milhares de pessoas em qualquer parte do mundo, de Nova Iorque a Londres, passando por Madrid, Bali, Telavive, Jerusalém, Tunes ou Jacarta. Um cidadão que não justifica nem compreende o terrorismo ficaria satisfeito por saber que a CIA ou outro serviço secreto qualquer tem esses bandidos presos em lugares de alta segurança. Mas os suspeitos do costume, os que justificam e no íntimo até rejubilam com as carnificinas, estão a fazer mais uma vez o jogo dos assassinos quando lançam gritos de indignação pelo facto de aviões da CIA terem efectuado escalas técnicas em Espanha, Portugal, Noruega ou Suécia. Num mundo normal, sem estes aliados objectivos dos bandidos, o assunto seria tratado com normalidade e até com enorme satisfação. De facto, bandidos presos a bordos de aviões no aeroporto Sá Carneiro ou na Portela não me incomodam minimamente. O pior seria se esses criminosos andassem por aí à solta a tentar matar inocentes. Mas a cegueira, sem ensaios, é uma doença contagiosa, melhor, uma pandemia que atingiu em força esta Velha Europa e uma parte dos EUA. Os habituais defensores dos direitos humanos, que os esqueceram anos a fio na ex-URSS e ainda os esquecem na Cuba de Fidel, estão agora muito preocupados com os direitos dos bárbaros que tentam liquidar os ditos dos cidadãos deste mundo. No fundo, são, objectivamente, a quinta coluna do terrorismo. Quer queiram, quer não.