domingo, março 26, 2006

Uma nódoa

Muitas caem nos melhores panos. Sabe-se bem porquê, o PS e Sócrates decidiram ressuscitar a regionalização. Este rectângulo pequenino, já dividido em mais de quatro mil freguesias e mais de quatrocentos concelhos não precisa de mais divisões. Precisa de mais concentração, mais decisões e de mais riqueza. E não se esqueçam que o poder local ainda não conseguiu dar água a dois milhões de cidadãos, destruiu patrimómio, rebentou com a orla costeira e deixou este sítio não só muito mal frequentado como totalmente desordenado. As regiões, cinco ou as que quiserem, não irão contribuir para a modernização do sítio. Serão umas peças a mais nesta horrível e desorganizada máquina do Estado. Quem apregoa a desburocratização não pode alimentar o monstro. É preciso atacá-lo, reduzi-lo, da mais pequena freguesia ao mais pomposo gabinete ministerial. Vá lá, continuem a meter o socialismo na gaveta. Não o tirem de lá. Não se esqueçam que a indústria das bolas de naftalina precisa de clientes.

1 Comments:

Blogger Carlos Sério said...

Afinal o governo já não vai extinguir os 18 governos civis.

A nova próxima legislatura, que é como quem diz, um outro governo, um outro parlamento, outros ministros e muito provavelmente um outro primeiro-ministro, se encarregará do caso. Ou, em linguagem mais simples e transparente, Sócrates meteu definitivamente esta medida, anunciada dias antes com pompa e circunstancia, na gaveta.
Ao contrário, anuncia que vão ser criadas 5 regiões administrativas.
Em resumo, em vez de menos Estado, irá acontecer precisamente o inverso. Vamos ficar com as estruturas dos 18 governos civis mais as estruturas das 5 novos governos regionais.
Não sei onde é que isto se enquadra no Plano Tecnológico, mas Sócrates sabê-lo-á seguramente.
Quem poderia acreditar, que o corajoso arauto da desburocratização, o destemido defensor das reformas do aparelho de estado, o audaz combatente do défice público, recuasse deste modo.
Bem certo estávamos, quando logo após o anuncio destas medidas afirmámos no Post que aqui colocámos:

Ao que parece, num estudo sob a reforma administrativa encomendado pelo Governo, manifesta-se a intenção de extinguir 18 governos civis, reduzindo-os para cinco.Sendo que da teoria à prática vai uma grande distância, só nos resta esperar para ver.O estranho, para qualquer cidadão, terá sido a não extinção destas estruturas logo após o 25 de Abril.Como sabemos, eles constituíam um órgão dos governos de Salazar, com o objectivo primeiro de assumir localmente o controlo político do País. Estavam em ligação directa com a PIDE e deles emanavam as ordens de busca e de prisão aos opositores do regime.A não extinção destes órgãos do estado, só deverá ter uma leitura, conhecendo como conhecemos a voracidade da nossa classe política, aproveitar-se a existência daqueles órgãos como armazéns de colocações bem remuneradas de secretários, adjuntos, assessores, consultores, etc, e assim aumentar o leque de “emprego” às suas insaciáveis clientelas partidárias.A não ser que, por troca, sejam criados outros organismos “ regiões administrativas” que suportem igual ou maior número de “lugares”, tenho muitas dúvidas quanto à concretização destas propostas.

12:08 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home