Ministra a sério
Maria de Lurdes Rodrigues quer acabar com as pausas dos professores no Natal, Carnaval e Páscoa. E quer pô-los a trabalhar oito horas diárias. Força. Não pare. A senhora continua a dar cartas neste sítio muito mal frequentado.
Blog de António Ribeiro Ferreira
9 Comments:
No tempo do Estado Novo toda a gente trabalhava, até mesmo ao sábado de manhã. Incluindo, é claro, os professores. Mas o iniludível desgaste da profissão, sobretudo em relação directa com determinadas faixas etárias mais jovens, levava a que pudessem usufruir, como os alunos, de uma parte substancial do tempo de férias destes. Havia bom-senso e equilíbrio.
Um pouco de bom senso é o que se pede,quando se obliteram as horas que um professor(professor digno desse nome,e há muitos) "dá" em casa e aos fins de semana,não acha?
A sanha que demonstra neste capítulo fá-lo perder um pouco o norte...
Podia começar pela cambada de malcriados(para ser educado)que pululam pelas nossas escolas com o freio nos dentes,porque a sra ministra decidiu fazer da classe docente o saco de pancada dos paizinhos que têm vidros de cheiro analfabetos em casa,não os educam e querem é vê-los longe,que os aturem os professores,não é?
Tudo em nome dos gráficos de aproveitamento escolar que a D.Maria de Lurdes quer mostrar na UE...
Concordo em pleno com a opinião do "Sardanisca". Sou casado com uma professora do 1º ciclo e sei o modo como ela chega a casa depois das aulas, completamente esgotada, a perguntar a si própria que mais pode fazer para que o alunos aprendam. Alguns desses alunos são extremamente malcriados, educados pelos pais que se pretende ver a contribuir para a avaliação dos professores, fazendo com que as aulas não possam decorrer normalmente.
Concordo com algumas das medidas da Sr.ª Ministra, (gestores profissionais nas escolas, economia de recursos, aulas de recuperação, limitar o acesso ao topo da carreira etc.), agora fazer das escolas armazéns com o objectivo único de satisfazer os pais e passar para a opinião pública a ideia que os professores são os maus da fita isso não.
Pelos comentários atrás é fácil constatar que o problema é haver demasiados professores sem aptidões para a tarefa.
Consideram alunos e pais demónios que é preciso exorcizar. Assim é evidente que vão sofrer toda a vida. Não conseguiram fazer os cursos com que sempre sonharam (direito, economia, medicina, etc.), tiveram que ir para professores porque havia aí emprego garantido, agora são uns desadaptados.
O «colega» Zé da Póvoa é falho de um olho. Ou seja, só vê para um lado. É evidente que o (grave) problema EDUCAÇÃO tem muitas variáveis e, por isso, é extremamente complexo. Não é demonizando os professores e metendo os alunos e progenitores no altar - nem fazendo o contrário - que se resolvem os problemas. O que falta é cultura, educação, sentimento, preocupação, responsabilidade, civismo, compreensão e, se calhar, uma dose muito elevada de bom senso de todas as partes. Sabe o que isto tudo é? Sabe? Pois, é isto tudo que falta.
Já agora, caro Zé da Póvoa, perca algum do seu tempo e vá tomar o pulso a uma escola. Pode mesmo ser do 1.º ciclo, dos pequenitos, daquelas alminhas inocentes. Vá observar, seja só observador e não actor, vá e veja, mas seja imparcial e depois, se se conseguir manter imparcial, diga honestamente o que concluiu.
É que, sabe, frustrados por não sermos médicos, engenheiros, ministros, astronautas, bailarinos, palhaços, polícias, sindicalistas, ou jornalistas, somos todos.
Cultura, bom senso... sô Zé, isso é que é preciso.
Abraços.
António
Esta tua fixação pelo coiro da ministra é preocupante. Trata-te rapaz. Vai ao médico que pode ser que ainda tenha cura.
Ou então é coisa mais séria, rapaz. É paixão assolapada.Andas a papá-la e tens vergonha que se saiba. Deixa lá isso, neste país salazarento que tu tão bem representas, sempre se mandaram umas à revelia do governo.
De qualquer modo passa pelo médico.
Um abraço contitucional
bakunine-anónimo
Eu também não sei o que pensar sobre isso. Deve ser extremamente desgastante ser-se professor hoje em dia, em que os pais não educam os filhos e os professores é que sofrem as consequências. Não podemos comparar com outrora em que ninguém falava nas aulas e havia respeito.
Porrada nos putos. Eles entram logo nos eixos.
Tornou-se moda dizer que os jovens e as crianças são mais malcomportados que antigamente, mesmo que essa conclusão se origine à custa dos mais insidiosos malentendidos. A indisciplina de que tanto se fala hoje em dia, tanto pode assumir uma forma internalizante como externalizante. O pensamento, o sentimento, a imaginação, também são formas de conduta que não se vêm circunscritas pela porrada. O comportamento, esse sim, VÊ-SE circunscrito pela porrada, e por todas as demais estrtatégias que se dediquem mais a camuflá-lo que a modificá-lo. Não voltaremos a ter alunos como antigamente, pois se isso acontecesse, alguma catástrofe semelhante ao prenúncio de Freud sobre o desaparecimento do inconsciente e a extinção subsequente da arte, sucederia invetivalemente sobre a vontade de poderio humana - uma ideia tão enfatizada, e no entanto, tão sacudida dos umbrais de uma direita mais moderna. Os professores não podem continuar a seguir os exemplos antigos; o que há 20 anos era um bom professor, hoje pode ser avaliado, por critérios rigidamente actualizados, no nível da mediocridade. A julgar pela elevada incidência de perturbações psiquiátrica e diversas patoplastias de burnout entre professores, podemos considerar uma falta de disciplina, de auto-regulação, de organização interna e estruturação do próprio professor. Às expensas de uma generalização, nem sempre abusiva porém, dos termos "aprender" e "aprendizagem", o verbo "ensinar" tornou-se ao longo dos útlimos anos tão inquestionável, e portanto tão ausente do discurso público da crítica, que não se pretende nem rigorosa, nem orientadora, como se tornou o estatuto da carreira docente. Poderia descer agora do monte onde me encontro, heremita enfeitiçado por um Zaratustra tornado alucinação, e apregoar em todas as escolas: "Apresento-vos o novo homem, aquele que há-de reinar: ecce home, eis o super-professor". Porque há muito de vontade de poderio na tarefa de educar. Há muito de conquista, de bravura na derrota, de determinação na ofensa à adversidade, que só pode ser criativa. Não teremos orações nem crucifixos nas salas das escolas primárias, mas o número de alunos em religião e moral tenderá a aumentar ligeiramente, até porque o grupo de católicos indecisos se evidencia cautelosamente mas também inexplicavelmente no seu inegável e recente crescendo. Aos professores não lhes são criticadas as greves, sobretudo as que prolongam o fim-de-semana, não senhor: um período de descanso é por si só um advento. Uma greve significa abandono provisório de um curso, mas com o compromisso de um regresso nem sempe audaz, mas sempre, isso sim, duvidoso. A partir daí espraiam-se as possibilidades de resignação, de culpa, de decisão adiada tornada tomada de indecisão precoce. É o reconhecimento do aluno, o que mais aflige a letargia docente. E, por último, se há educadores que não sabem bater, pior os há dos que não sabem falar, nem ensinar, nem fazer política, nem fazer amor.
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