quinta-feira, dezembro 29, 2005

Comunicação soarista

O candidato Mário Soares continua a queixar-se da comunicação social. Coitado. Está tudo contra ele. Do DN ao JN, passando pela TSF e RTP. Coitado, é uma vítima. Toda a gente sabe que o PS e o Governo Sócrates não mandam nada na comunicação social. Nada mesmo. São uns pobres coitados à mercê de grupos hostis. Pobre Soares. Pobre Sócrates. Pobre PS, que nunca, mas nunca mesmo quis controlar a dita. E muito menos Soares. Coitado. Mesmo no Bloco Central o homem nunca interferiu nos alinhamentos dos telejornais da RTP, pressionou os jornais do Estado, até com a chantagem de salários a prestações, e outras manobras dignas de uma ditadura. Nunca, são tudo calúnias. E agora, que a dita é privada? Nem pensar! DN soarista? Jesus, credo! JN chucha? Cruzes canhoto! TSF 'terrorista'? Saddam nos salve! TVI socialista? Longe vá o agoiro espanhol! Pobre Soares. Finalmente, aos 81 anos, é uma vítima. E da comunicação social que o seu amigo Sócrates controla através de uns tantos capachos. É verdade. Só pode ser verdade. Sócrates quer mesmo Cavaco em Belém.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É a vida.

2:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

http://webjornal.blogspot.com/2005/12/jornalistas-apoiantes-de-candidatos.html

9:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Jornalistas apoiantes de candidatos

Pode não ser especialmente relevante, mas a distribuição de apoiantes identificados como jornalistas nas diversas candidaturas à Presidência da República apresenta resultados bastante diversos. Assim:

* Cavaco Silva - 0
* Francisco Louçã - 0
* Jerónimo Sousa - 7
* Mário Soares - 26
* Manuel Alegre - 35.


:: Manuel Pinto 10:54 PM [+] ::

9:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não para acreditar.

(Texto publicado na "Grande Reportagem" em Abril de 2002)
O PRESIDENTE QUE GOSTAVA DE JORNALISTAS

"As presidências abertas foram construídas para dar visibilidade ao dr. Soares e para desgastar Cavaco Silva", diz Estrela Serrano em declarações à GR.
A hoje directora do departamento de jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social descreve a assustadora homogeneidade com que os repórteres seguiram sem desvios os temas e enquadramentos propostos pelo chefe de Estado nessas campanhas, mesmo quando elas se transformaram num combate indisfarçável ao governo legítimo da nação duas vezes eleito por mais de 50% dos votos.
O principal garante do respeito pelo escrutínio popular patrocinava assim manifestações e protestos que se desenrolavam a par e passo das suas cerimónias oficiais enquanto presidente da República, com improvisações organizadas e bandeiras negras que emergiam por entre o normalíssimo funcionamento das instituições democráticas e sem ameaça visível no horizonte para além do ruído mediático acerca de uma misteriosa ‘ditadura da maioria’ que ninguém percebia onde é que estava.
Esta lógica alcançou o auge na peregrinação à volta da Área Metropolitana de Lisboa, entre 30 de Janeiro e 15 de Fevereiro de 1993, um ano e três meses após a segunda maioria absoluta do PSD e num ambiente em que a guerra entre Belém e S. Bento atingia proporções de comédia com a hipótese de dissolução da Assembleia da República.
Ao longo de duas semanas agricultores, estudantes, moradores, sindicalistas, desempregados, ambientalistas esperavam Soares e este era informado com antecedência da sua presença.
Os assessores alertavam os jornalistas para não perderem esses momentos, a segurança encarregava-se de lhes abrir passagem até junto do primeiro magistrado da nação e este não iniciava os seus discursos sem estar rodeado dos repórteres. O staff presidencial combinava encontros informais entre o chefe de Estado e os media e se os enviados dos órgãos de comunicação social considerados mais influentes não solicitavam uma conversa privada com o inquilino de Belém eram os assessores que tomavam a iniciativa de a sugerir para se certificarem de que a perspectiva do jornalista não era desfavorável a Soares.
"A proximidade e o convívio existente entre os jornalistas que acompanhavam o Presidente e os assessores permitiam que estes se apercebessem das reacções dos jornalistas a determinados eventos ou palavras do Presidente e o informassem de que era necessária uma sua intervenção no sentido de um enquadramento favorável, que surgia então como natural", escreve Estrela Serrano.
Soares começava o dia a ler o Diário de Notícias e o Público e de 24 em 24 horas era informado pelo seu staff da cobertura total que estava a ser feita. À hora dos principais telejornais a caravana parava, mas quando isso não acontecia a equipa do chefe de Estado gravava-os em vídeo para serem vistos à noite de modo a avaliar o impacto dos acontecimentos e se fosse caso disso introduzir correcções de estratégia. "A leitura dos jornais e o facto dos autores das notícias se encontrarem quase permanentemente junto do Presidente e dos assessores facilitava o controle de desvios ao discurso oficial", escreve Estrela Serrano..."

(nota-Estrela Serrano era assessora de imprensa do presidente Soares)

crsdovale
posted by Minha Rica Casinha

7:44 da tarde  

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