quinta-feira, outubro 12, 2006

Os do costume

Milhares nas ruas em Lisboa. Greve dos professores terça e quarta. Mais greves em Novembro da Função Pública. A rapaziada do costume quer que tudo fique na mesma. Odeia reformas. Bem andou Sócrates quando afirmou que não são as algazarras que vão evitar as mudanças em curso. Que ainda são poucas para o estado a que isto chegou.

4 Comments:

Blogger Carlos Sério said...

Os dois temas da actualidade: Corrupção e Despesas Públicas.
Desde o PR aos comentaristas, economistas e outros fazedores de opinião, passando pelos governantes e os órgãos de comunicação social, são estes os temas apresentados e eleitos, lançados na praça pública neste início de um novo ano político.
Mas qualquer deles tratados em abstracto, sem rosto, como convém.
Mas a Corrupção Instituída em Portugal, tem rosto.
A nomeação politica de dezenas de milhares de indivíduos tendo por critério único de selecção a posse de cartão partidário do partido do poder, ou ser amigo do ministro, ou amigo do amigo do ministro, ou amigo do primo do ministro, ou amigo do amigo do primo do ministro, para os mais altos cargos da administração pública, Institutos, Empresas Públicas, Comissões, Conselhos, Gabinetes, Auditoria, Centros, Fundações, Empresas Municipais, etc, com total desprezo pelas exigências mínimas de qualificação e aptidão para tais lugares, acarretando como resultado um prejuízo concreto no desenvolvimento económico do País motivado pela incompetência e impreparação dos eleitos, só pode ter um nome - Corrupção Instituída.
Certamente que uma outra corrupção, aquela de que todos falam, quer se trate da compra de favores ou das percentagens de dinheiros recebidos nas adjudicações de materiais, consultorias e empreitadas públicas, agravando os custos das adjudicações do Estado necessita ser combatida, mas ela só existe e no elevado grau em que se encontra, precisamente porque quem a pratica são precisamente aqueles gestores de topo de nomeação politica.

A Despesa Pública, também tem rosto.
Com a governação Guterres, entraram na Administração Pública cerca de 120.000 novos funcionários. Mas foram professores que entraram nas escolas? Ou foram médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem que entraram nos hospitais? Ou ainda novos juízes e procuradores? Ou novos policias ou novos tenentes, capitães e generais? Será que com a entrada de mais de 20% de funcionários (de 600.000 passaram a 720.000) contribui para a melhoria da Educação, Saúde, Segurança na mesma ordem de grandeza, nos mesmos 20%? Seguramente que não. Afinal onde se acoitou esta gente? Nos Institutos, Comissões Reguladoras, órgão, Gabinetes, Conselhos, Centros, Fundações e outros órgãos igualmente ineficazes e esbanjadores dos dinheiros públicos. Muitos deles criados apenas para servir de coutada à nossa classe política.
A Despesa Pública originada por estas novas admissões e as despesas correntes funcionais de tais organismos rondará só por si cerca de 25% da massa salarial da Função Pública ou seja 3,75% do PIB.
É este o rosto da despesa pública no nosso país. O combate à despesa pública deveria iniciar-se por aqui. Pela extinção pura e simples destes organismos. Mas não são estas as medidas preconizadas pelo governo. Bem pelo contrário. O PRACE é um enorme Bluff que a seu tempo se demonstrará. Verifica-se já, por exemplo, que à extinção da Direcção Geral de Viação, sucedem-se dois Institutos e um Gabinete. Da extinção dos governadores civis, órgãos do salazarismo de controlo político dos distritos com ligações directas à PIDE, ninguém quer ouvir falar, pois servem de coutada à clientela partidária.
O problema não reside já na mudança de governo. O País deve encarar hoje uma mudança de regime.
O combate à despesa pública tem vindo a ser executado por este governo apenas à custa da receita e não com o combate à despesa. A despesa em nada diminui, pelo contrário tem vindo a aumentar, enquanto a receita, com aumentos de impostos e perdas de “regalias sociais” tem vindo a atenuar o défice do Estado. É um processo irreversível com este regime. No futuro seguir-se-ão novos cortes sociais. E de nada vale a caridadezinha do ministro da Saúde ao isentar os mais pobres dos mais pobres dos aumentos das taxas moderadoras.
Dezenas e dezenas de milhares de privilegiados, cujo número aumenta a cada ano, têm vindo a esbanjar em benefício próprio, ao longo dos anos, a parca riqueza produzida pelos cidadãos deste País. Quem poderá acreditar que a nossa classe política abdique voluntariamente dos privilégios que tão bem soube erguer ao longo dos anos?

8:01 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ora é isso mesmo caro ARF. Fantochas!!! Apetece-me mesmo dizer como li algures: Que fantochada!!! É como li algures: «Pena é que esta "cambada" dos sindicatos e do funcionalismo público não se mobilize com tanta competência e empenhamento para melhorar a produtividade e a qualidade do seu trabalho, como o faz para montar manifestações carnavalescas!» Cumprimentos.

9:22 da manhã  
Blogger Paulo said...

"tudo fica na mesma". Falta os militares e forças de segurança - que têm as armas - "perderem" a cabeça, para que o Sócrates e os seus "amantes", se "borrem" todos. Já faltou mais...
Abraço
Paulo

4:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Acabou-se o tempo dos empregos fixos, do automóvel para ir para o trabalho, dos direitos adquiridos, e das reformas a condizer... O acesso ao último escalão de professores da função pública traduz-se num aumento de cerca de 500 euros de salário. Pessoas que além de leccionarem, que é o mínimo que se lhes pode pedir, e de frequentarem acções de formação, no fimdas quais concluem invariavelmente que "se actualizaram" (nunca que adquiriram novos conhecimentos), arrecadam 100 contos por mero estatuto temporal... Caros professores, vossa profissão não é assim tão especial - aliás, será cada vez menos especial. Pouco, muito poucos portugueses partilharão nesta altura a preocupação com as vossas desocupações. Eu, por mim, desejo que a revisão do estatuto da carreira docente não se fique por aqui e que, nas vossas palavras, continue piorando a vossa vidinha que durante tanto tempo foi "santa". Não há que deificar a figura de professor; trata-se de uma profissão, nada mais. Trabalhem e vão ver que até se esquecem destas reformas que, vendo bem, não são assim tão escandalosas, pois não? Professores e Rivoli - a sorte é que ninguém - ou muito perto disso - está para vos dar troco.

1:25 da tarde  

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