quarta-feira, dezembro 14, 2005

Debate arqueológico

Louçã e Alegre. Extraordinário. O poeta-candidato levanta o pescoço e protesta contra os lucros das empresas cotadas na Bolsa. Feitos, diz o senhor, à conta dos 'despedimentos'. A indignação paira no ar. O moralista Louçã faz cara de caso. Sim, é preciso acabar com o escândalo de haver empresas com lucros. É um mau exemplo. Exemplar é o caso da CP, do Metro, da Carris e de outras tantas empresas do Estado. Estão falidas mas pagam excelentes salários e têm pessoal excedentário. Sim, isso é que é um exemplo do que é ou deve ser o Estado social ou o modelo social europeu. Há mais chefes do que índios? Não interessa. O emprego está garantido. A CP e a Refer são dois exempos, ou melhor, dois casos de polícia? Não interessa. São do Estado e dirigidas por portugueses. Fora este interessante debate sobre economia - a propósito, onde estavam os jornalistas para questionarem o moralista sobre as alternativas ao aumento da idade de reforma? - os dois senhores transformaram Jardim no herói do filme. Demite, não demite, demite com condições, sem condições, enfim, uma trapalhada de dois seres arqueológicos. Mais antigos que os mais antigos dos animais. Racionais ou irracionais. Acabado o debate, só apetece ladrar. Mas como é politicamente incorrrecto acordar os cães e gatos dos prédios o melhor é ir afugentar os pombos que não nos deixam dormir.