sábado, dezembro 10, 2005

Mais um

Cavaco e Louçã travaram mais um debate moderado. Desta vez só se bocejou um bocadinho. Mas o moralista do regime deu uma excelente mãozinha ao professor quando se meteu pela economia. Quem estava à espera de sangue nem teve sangria. E os dois estão de acordo: a política laboral é para ficar como está. O mundo está a mudar, a economia está em revolução, novas potências entram no grande jogo do mercado mas, por aqui, neste sítio, nada muda. Em nome da sacrossanta Constituição, um texto arqueológico que, tem de ser, lá vai sendo violado, devagarinho, quando não há outro remédio. Mas em segredo, para os deuses não se zangarem e as consciências de esquerda e do centro-direita dormirem em paz. Só um pormenor: então os guardiões do anti-populismo não se atiram ao senhor Louça por aquele exercício lamentável de demagogia com um miúdo imigrante? Querem ver que não viram o debate? Ai se fosse o Paulo Portas...E já agora outro pormenor: esta indignação toda com as escutas é outra enorme demagogia cheia de pontos obscuros. Suponhamos que a PJ anda a investigar um corrupto e este é amigo do senhor Louçã. O suspeito está sob escuta, por ordem de um juiz, e são ouvidas as conversas do senhor com o moralista? Qual é o problema? O senhor Louçã só deveria ficar preocupado se tiver conversas inconvenientes com o referido suspeito? Não é? Sinceramente: tanta demagogia com as escutas cheira mesmo a esturro.